domingo, 25 de outubro de 2009

Faltam doadoras de leite materno em Pouso Alegre

[Matéria publicado no Jornal Primeira Página]
Engravidar, ter uma gestação saudável, um parto tranqüilo, leite suficiente para amamentar o filho para que ele tenha saúde são algumas preocupações de mulheres que sonham ser mãe. No entanto, nem sempre é isto que acontece, devido ao estresse ou outros fatores, uma parcela das mães têm queda na produção de leite e não conseguem amamentar. É para situações desta natureza que servem os Bancos de leite.

Bancos de Leite são centros de apoio à amamentação para doação gratuita do leite materno. No Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Leite Humano, existem 196 bancos de leite e 73 postos de coleta. Em Pouso Alegre, funciona, há três anos, no Hospital Regional Samuel Libânio, o Posto Coleta, que atende mulheres com excesso de leite dispostas a doarem. No local as mães recebem orientações para doação como a forma de retirar o leite e amamentar.

Mas o número de doadoras está em queda, atualmente existem apenas seis mulheres doando o leite em Pouso Alegre. De acordo com Márcia Maria Alves, secretária do banco de leite, os meses de setembro e outubro registram baixa e o número de doadoras varia de dois a oito. Na época de férias, junho e julho, também há queda devido ao frio e às viagens das famílias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera indispensável aumentar a coleta no país em torno de 50%, para atender todas as crianças que necessitam do leite materno.

Maria Jocélia de Souza, 31, amamenta seu filho de cinco meses no peito, retira seu leite todos os dias à tarde no posto há dois meses, e é uma das poucas voluntárias desta época do ano. Antes não sabia o que fazer com a sobra do leite, então jogava fora, mas através das informações de Márcia soube que poderia doar. "Eu me sinto muito feliz em fazer essa caridade, porque além do meu filho ainda há outros bebês que podem se alimentar através de mim", fala sorridente por seu gesto que pode salvar vidas.

Durante os meses março, agosto e dezembro a unidade chega a atender umas 18 mães, mas segundo enfermeira e docente do curso de Enfermagem da Univás, Maria Cristina Porto e Silva, 37, a quantidade de leite coletado não atende a demanda da UTI neonatal, e é necessário durante o ano que as doadoras estejam presentes não somente em algumas épocas. Segundo ela, se as mulheres do município amamentarem corretamente seus filhos, a doação será uma conseqüência. Sobre uma campanha de incentivo na cidade ela diz: "O único projeto que tem é a divulgação na TV, mas ainda é preciso implementar. Não existe ainda um projeto pronto que está funcionando"

Toda mulher saudável que realiza exames de pré-natal, não fuma, não bebe, e nem esteja tomando medicamentos pode doar leite excedente. Não é preciso ir ao posto fazer a coleta, basta pegar na unidade, um kit higienizado composto por um frasco de vidro com tampa plástica, touca, máscara e gases, e poderá retirar o leite em casa e guardar no freezer ou congelador. O leite é recolhido pelo Corpo de Bombeiros, parceiro do Posto de Coleta de Pouso Alegre, na casa da voluntária cadastrada.

Segundo Maria Cristina, toda semana o posto recolhe uma média três frascos de cada mãe, contendo 250 a 500 ml, mas não é o suficiente, seria preciso cerca de 30 doadoras. O alimento chega cru ao posto é levado para o Banco de Leite de Varginha, onde depois de pasteurizado e submetido a exames, é liberado para consumo e retorna para a cidade, onde será distribuído para os prematuros que não conseguem alimentar no seio materno, e também para mães com pouco leite.

Além de mais doadoras de leite materno, o Posto de Coleta de Pouso Alegre também precisa de doações de potes onde é armazenado o alimento, eles devem ser de vidro com tampa plástica, como os de maionese e café solúvel.

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